quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

"Vamos trabalhar para ajudar o Brasil, mas especialmente o Maranhão"


Na primeira reunião entre a bancada de deputados federais do PRB e o presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL), Marcos Pereira afirmou que o partido não estará alinhado automaticamente ao governo, mas reconhece uma confluência de pelo menos 80% nas pautas defendidas por Bolsonaro e pelo partido.
O encontro ocorreu, ontem dia (4/12), no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, sede do governo de transição, e reuniu todos os deputados do PRB, atuais e os eleitos, além de futuros ministros já anunciados e do líder da legenda na Câmara, deputado Celso Russomanno (SP).
Bolsonaro e o ministro Extraordinário Onyx Lorenzoni (DEM) fizeram uma breve explanação sobre como será a condução do governo. Eles afirmaram que não haverá indicações de partidos para cargos e funções públicas em troca de apoio no Congresso Nacional, mas não descartaram que eventuais convites possam ocorrer por critérios técnicos.
“Posso não saber a chave do sucesso, mas a do fracasso é continuar fazendo a mesma coisa”, disse o presidente eleito sobre o balcão de negócios entre o governo e o parlamento. “O Brasil está mergulhado numa profunda crise ética, moral e econômica. Não vou fazer nada pensando em reeleição”, garantiu Bolsonaro.
Lorenzoni disse que o “presidencialismo de coalizão” perdeu o respaldo da sociedade. Ele disse ainda que o o governo “não será uma prova de 100 metros, mas uma maratona” e fez um convite ao PRB para ajudar a “construir algo diferente”.
“A fala de vocês soa como música aos meus ouvidos”, disse Marcos Pereira ao aprovar a iniciativa de acabar com o que ficou conhecido como “toma-lá-dá-cá”. Ele disse também que trabalha para que o Brasil dê certo, criticou o corporativismo e antecipou que “se queremos mudar o País algumas medidas serão amargas”.
Bolsonaro, Lorenzoni e Marcos Pereira destacaram a importância da aprovação das reformas, especialmente a da Previdência, porém o presidente do PRB reservou ao partido e à bancada o direito de discutirem com profundidade as propostas que serão enviadas ao Parlamento.
Líder do PRB na Câmara, o deputado federal Celso Russomanno destacou a importância da segurança jurídica no Brasil. Ele apontou que esse problema costuma ser entrave no momento de decisão de novos investimentos por parte de empresários brasileiros e estrangeiros.
Russomanno elogiou a decisão de não haver trocas de cargos por votos. “Esse é o processo democrático. Essa troca de cargos não é boa. Toda vez que o presidente (da República) tem que demitir um ministro, fica amarrado porque o partido faz parte da base de sustentação”, completou.
Mudança de programa do PRB
Ao longo de 2017 e 2018, um grupo de trabalho foi formado por sugestão de Marcos Pereira para reavaliar o programa do PRB e discutir temas específicos para nortear o partido. “Avaliamos inclusive mudar o nome do partido, mas entendemos que mudar o nome sem mudar o comportamento não resolveria”, disse o líder do PRB.
Ele disse isso ao exemplificar que o PRB não seria base de qualquer governo com base em troca de cargos. Marcos Pereira afirmou que nem teria um encontro semelhante ao de hoje se o presidente eleito tivesse sido Fernando Haddad (PT). “Não seremos governo em troca de vantagens nem oposição inconsequente. Queremos ajudar o Brasil a avançar e fortalecer o parlamento para que a sociedade se orgulhe novamente dos seus representantes”, finalizou.
O novo programa do PRB deve ser apresentado no ano que vem.

Texto: Diego Polachini 
Foto: Renata Duvirgem