terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Nessa rede vem o futuro

Artigo 

O ano de 2012 marcou a virada para um setor que reúne todas as condições de ser o motor de propulsão do Brasil do terceiro milênio. A pesca será sem dúvida um dos principais alicerces para a nação que ambicionamos ser. Um país com pleno emprego, com crescimento econômico e, ao mesmo tempo, promovendo o desenvolvimento social de todos os cidadãos e consciente de suas responsabilidades com as gerações futuras (leia-se, com a preservação do meio ambiente). Essa virada não se deu por acaso, foi fruto da capacidade do governo federal enxergar o potencial desse setor e realizar investimentos, canalizados na sensibilidade e competência de nosso ministro da Pesca e da Aquicultura, Marcelo Crivella.

A Amazônia Azul, como chamamos nosso vasto litoral, vai despertar o gigante adormecido. Apesar de nosso vastíssimo litoral, ainda exploramos parcamente recursos que poderiam não só resgatar uma considerável parcela da população ainda à margem de nosso crescimento, oferecendo oportunidades de emprego e renda, como ainda colocar, na mesa do brasileiro, alimentação farta e de qualidade.
Claro, há muito a ser feito, de forma a transformar esse potencial em realidade. No ranking mundial dos países produtores de pescado, o Brasil aparece em 23º lugar na pesca e 17º na aquicultura. A previsão é de que até 2015 o consumo anual brasileiro de pescado passará dos atuais 9 quilos por ano para 13,8 quilos por habitante/ano. Como somos por volta de 200 milhões de habitantes, a cada quilo de incremento de consumo precisamos produzir mais 200 mil toneladas de pescado, ou seremos ainda mais dependentes da importação do que somos hoje.
No entanto, a rede foi lançada e promete voltar cheia de esperanças e de frutos. Como coordenador da Frente Parlamentar Mista da Pesca e Aquicultura no Congresso, tenho me dedicado a divulgar os esforços do governo, a apoiar iniciativas como as que vejo serem executados em meu estado, o Maranhão, onde durante o lançamento do Plano Safra (uma novidade alvissareira no setor, com estabelecimento de metas e programas ambiciosos e exequíveis) houve a participação concreta do Banco do Nordeste, em uma iniciativa que, devidamente conduzida, oferecerá ao meu estado a possibilidade de se transformar no maior produtor de camarão do mundo.
Sonhos?
No País dono da maior reserva de água doce do mundo, existe a oportunidade de cultivo de pescado em rios, açudes, lagos e nos mais de 250 grandes reservatórios de domínio público. O País pode ainda produzir peixes, crustáceos e moluscos em extensas áreas costeiras ou mesmo em alto-mar. Na pesca de captura há um potencial de crescimento na produção de atuns – onde estamos abaixo das cotas internacionais - e da anchoíta, cujo potencial é de 100 mil toneladas anuais no Litoral Sul.
Na aquicultura, em águas públicas, a política do governo federal está voltada à demarcação, regularização e implantação de parques aquícolas. Nos reservatórios, por exemplo, do Tucuruí, no Pará; Castanhão, no Ceará; e Itaipu, no Paraná; a produção já foi iniciada e atinge hoje aproximadamente 14 mil toneladas/ano, sendo o potencial de produção para os parques aquícolas instalados nesses reservatórios de 299 mil toneladas/ano. Tudo isso, oferecendo a chance de pequenos núcleos familiares gerarem renda, explorando áreas dos espelhos d’agua desses reservatórios.
Nesse momento, encontram-se em processo de licenciamento ambiental, vários parques aquícolas que, quando plenamente instalados, terão uma potencial de produção de aproximadamente quase 900 mil toneladas/ano.
Ao mesmo tempo, o MPA tem investido em novas tecnologias, logística e preparação da mão de obra de forma a melhorar a produção em águas salgadas. Somente no litoral de Santa Catarina, foram entregues os primeiros parques aquícolas marinhos do Brasil, com capacidade para produzir em torno de 43 mil toneladas de moluscos bivalves. O ministro Crivella tem se esforçado para criar no País uma espécie de Embrapa da Pesca, empresa que quando consolidada fornecerá, da mesma forma que a coirmã da agricultura, as técnicas necessárias para o grande salto de nossa aquicultura. 
Durante o ano de 2013, deverão ser implantadas 12 bases de serviço para apoio ao associativismo e cooperativismo, contando com profissionais qualificados para assessoramento aos grupos de pescadores e aquicultores. Esses projetos terão abrangência territorial e estarão distribuídos em 18 Estados com demandas previamente diagnosticadas.
Concomitantemente, estamos investindo na conscientização do cidadão sobre a importância do pescado na alimentação. Diversas ações do Governo vêm estimulando  o consumo do peixe no Brasil, como a que foi anunciada recentemente pelo Governo através do "Peixe na Mesa".
Quando colocados no papel, veremos que os benefícios econômicos e o potencial da pesca e aquicultura no Brasil equivalem a um novo Pré-Sal, com investimentos menores que seu equivalente na indústria energética. E com a capacidade de garantir, não só ao povo brasileiro, mas a nossos irmãos de todo o planeta, a matriz de alimentos que se mostra próxima do limite na agricultura e pecuária.
Cumpriremos assim nossa missão que é de promover o nosso desenvolvimento social e contribuirmos para a sobrevivência o planeta.
Sim, lançamos a rede.
E com ela estamos capturando o futuro. 

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